(G1) Relato ESEFC – Simone Sobiecziak – Primeira aula
abr 6th, 2014 | By Simone Sobiecziak | Category: Diário de CampoAs primeiras duas aulas do estágio foram muito boas.
Fiz algumas modificações no planejamento do ano passado, mas continuei com o mesmo tema.
Na primeira aula eu trabalhei uma lista de tópicos sobre a natureza da ciência que o professor Peduzzi nos repassou em sua aula, utilizei as concepções alternativas dos alunos a respeito da imagem que eles tinham da ciência e do cientista. Conversamos sobre vários aspectos da ciência e do cientista.
Falei de como a ciência se desenvolveu no decorrer de longos anos, falei do papel dos filósofos na antiguidade, do papel dos astrônomos, e de algumas características da ciência de antigamente.
Fui pedindo a opinião deles a respeito dos tópicos, então eles responderam que, o cientista é alguém muito inteligente e que também é
louco por gostar de algo tão difícil, falaram que ser cientista, pesquisador ou físico é para poucos. Também comentaram que o cientista não erra nunca, que quando ele descobre uma lei ou teoria, ele é tão inteligente que descobre qualquer coisa que quiser. No decorrer da conversa eles também falaram que os físicos pensam sozinhos, que elaboram seus estudos e pesquisas sozinhos e que não são influenciados por nada, (querendo dizer que eles são neutros).
Quanto questionei sobre como fazer a ciência/pesquisa, eles falaram que tem uns passos que o cientista deve seguir, que ele observa, cria uma hipótese e depois prova através de um experimento.
Fui anotando no quadro, conforme segue a foto abaixo essas conclusões deles.
Depois das perguntas fui falando sobre cada uma das ideias deles a respeito da ciência, corrigindo e argumentando, ou seja, desmistificando a ciência para aqueles estudantes.
Nesse momento percebi que um dos objetivos da aula já havia sido cumprido pois, pelo tema “A utilização da HFC para a cultura científica em aulas de Física no Ensino Médio”, uma das características principais do trabalho é que os alunos percebam a ciência de maneira diferente da qual estão habituados, ou talvez da qual até a mídia repassa a eles.
No decorrer das nossas discussões, citei um episódio do CSI no qual o físico forense se coloca na situação de “Físico” e que faz “experimentos” para comprovar suas teorias sobre os crimes. O investigador (físico forense) joga bonecos do alto de um prédio e tira fotos quando eles caem no chão, examina possibilidades de ele ter sido jogado ou se jogado, então uma mulher se aproxima e questiona o método dele de jogar bonecos, então ele argumenta que ele segue esse método porque é um físico. Nesse episódio ele deixa evidente que para se fazer ciência existe um método, como se existisse uma receita com passos a serem seguidos para que a ciência aconteça e as descobertas existam.
Nesse contexto expliquei aos alunos que a mídia muitas vezes nos traz ideias e concepções erradas a respeito das coisas.
Depois dessa discussão, comentei sobre os outros tópicos da Natureza da Ciência:
- as observações não são neutras;
- as teorias e leis que temos hoje na ciência, podem mudar a qualquer momento e não existe verdade verdadeira neste contexto;
- concepções filosóficas, religiosas, culturais, éticas, influenciam o trabalho do cientista, desde os tempos mais remotos;
- A ciência está longe de se constituir em um empreendimento fundado em regras rígidas, imutáveis, (não existe um método exato ou uma receita para fazer ciência);
- A ciência (o empreendimento científico) é uma construção coletiva;
- A experimentação não tem apenas o papel de corroborar ou refutar teorias em sua forma final. Ela é parte integrante, e essencial, do processo de construção do conhecimento;
- O conhecimento não parte do nada – de uma tábula rasa – como também não nasce, necessariamente, da observação; seu progresso consiste, fundamentalmente, na modificação do conhecimento precedente. O ato de conhecer se dá contra um conhecimento anterior;
Com este último tópico abrimos mais uma discussão, a qual foi sobre o conhecimento evoluir ou ser substituído; e os alunos conseguiram entender os tópicos trabalhados e a questão da evolução e da substituição do conhecimento.
Fiquei muito feliz com os resultados alcançados nas discussões com os alunos e percebi que eles também conseguiram entender a mensagem que eu estava mediando.
Ao final, concluo que da primeira para a segunda aplicação do estágio houve uma melhora significativa em meus planejamentos e na maneira de dar aula com o mesmo tema. Isso contribuiu muito para a minha formação acadêmica e profissional.
Olá Simone, pelo que li suas aulas foram bem planejadas e bem diversificadas, buscou um interação com aluno o todo tempo o que achei bem interessante. Com certeza eles gostaram de ver que a disciplina de Física não é tão difícil e que não é só baseada pelas temidas fórmulas, cálculos e regras, o que torna a disciplina bastante difícil. Precisamos de aulas como essas que você planejou para mudar essa ideia e assim tornar a Física mais compreensível e agradável de ser estudada, despertando assim o interesse e a curiosidade dos alunos pela Física.