semana de 04/03 a 08/03
mar 10th, 2013 | By Roberto Thomazelli | Category: Diário de Campo05/03
Foram observadas mais duas aulas. O professor não passou novos conteúdos. Ele continuou acompanhando os alunos na resolução dos exercícios sobre a Lei de Coulomb, que havia passado na aula anterior.
Desenhou o esquema de um dos problemas no quadro. Desenhou uma carga negativa e uma carga positiva. Atribuiu 2n C para a carga negativa e 2µC para a carga positiva. Desenhou a carga positiva como “uma bola” bem maior que a carga negativa.
Em seguida perguntou o nome de uma aluna e questionou para ela: Quanto vale a “carga grandona”? Ele esperava que a aluna respondesse 2 Microcoulombs. Mas a aluna vacilou e não respondeu. O professor então, perguntou se os alunos fizeram o que ele tinha pedido na aula anterior (colar uma tabela com os prefixos para potências de 10 e letras gregas no livro).
Alguns alunos responderam que sim, então o professor deu uma olhada nas tabelas e pediu que os outros fizessem o mesmo. Inclusive falou: “Colem essa tabela na “bíblia””, se referindo ao livro didático. Ele mostrou para todos como uma aluna tinha feito isso de maneira bem caprichada.
Continuando, ele enfatizou que para resolver os exercícios “o desenho esquemático do problema é 75 % do problema, o resto as calculadoras fazem”. Certamente foi por isso que ele tinha explicado bastante sobre o uso de calculadoras científicas na aula anterior. Ele ainda perguntou a um aluno: “Tu trouxesse a tua calculadora científica?” Como o aluno respondeu que não, o professor retrucou em tom de gozação: “Nas minhas aulas de Física não precisa de calculadora, mas nas aulas de religião precisa”.
Então ele pediu que os alunos resolvessem o exercício e ficou observando. Os alunos sentam aos pares e o professor resolveu acompanhar atentamente uma determinada dupla. Uma aluna que estava sentada na minha frente perguntou se eu sabia fazer. Eu respondi que sim e ela me pediu para mostrar como se faz. O professor percebeu e falou para ela: “Isso não é atribuição dele e sim de vocês.” Quando ele se afastou eu não resisti à tentação e respondi para a aluna que eu “já tinha feito de cabeça”, (pois a distância foi dada como 10 cm). A aluna em questão ficou espantada e comentou com o colega ao lado: “pô, ele já fez de cabeça!”, certamente pensando que eu era um gênio. Achei muito engraçado este momento.
O professor pediu que os alunos continuassem a resolver os exercícios e deu uma saída da sala. Surpreendentemente, os alunos ficaram quietos (alguma conversa aqui ou ali) e ficaram absortos em sua tarefa. Depois de uns 5 minutos, mais ou menos, o professor voltou com um notebook, e mostrou para mim o planejamento de ensino que ele fez para todos os 4 bimestres. Esse documento encontra-se no anexo.
A aula prosseguiu e o professor esclareceu que os exercícios estavam ficando cada vez mais “difíceis”, já que começaram a aparecer problemas com 3 cargas, mas que tinha que ser assim mesmo. Explicou o conceito de força resultante quando estão envolvidas mais cargas. Como ele deu uma apressada no ritmo dos trabalhos a mesma aluna que já tinha falado comigo disse: “Se tu for professor não seja apressado que nem ele”. Eu apenas sorri para ela. O professor enfatizou novamente que se aprendesse a usar as calculadoras e perguntou se alguém ainda tinha dúvidas de como usá-las. E assim terminaram essas duas aulas.
Já deu para perceber que essa turma do terceiro ano é bem comportada. Os alunos conversam durante a aula, mas em tom baixo e não fazem bagunça. Será que é uma exceção? Pretendo observar outra turma para fazer comparações.
Antes das aulas iniciarem, foi conversado com o professor sobre o fato de ele não fazer provas. Ele disse que isso é decisão pessoal dele. Ele explicou que tem 13 anos de experiência como professor, e também já fez provas como se faz normalmente. Agora ele usa o seguinte método: Ao fazer a chamada pelo diário de classe, ele vai colocando símbolos (letras do alfabeto grego) junto aos nomes dos alunos, que equivalem a notas pelo desempenho individual em aulas anteriores. Ele avalia os cadernos dos alunos, os desenhos que eles fazem, além do comportamento geral em sala de aula. Foi perguntado se ele já reprovou alguém dessa maneira e ele respondeu que sim. Também disse que consegue avaliar quem merece aprovação ou não.
07/03
Neste dia fui à biblioteca da escola. Chegando lá percebi que havia dois alunos tentando organizar os livros. Passei a conversar um pouco com eles. Eles me disseram que a biblioteca está fechada há uns 4 ou 5 anos. Fechada, no sentido de que não existe organização nenhuma. Os alunos me disseram que, por iniciativa deles e de ex-alunos, estão tentando organizar novamente. Na aula de educação física, alguns voluntários são dispensados e vão à biblioteca para tentar botar os livros em ordem. O que eu vi foi o seguinte: Os livros novos estão empilhados num local e são relativamente fáceis de se achar. Tanto que a coordenadora dos estágios me presenteou com a coleção de Física para o ensino médio. O grande problema é se você quiser encontrar algum determinado livro mais antigo. Aí você tem que procurar muito, e se tiver sorte vai achar. A biblioteca está sem organização nenhuma, tá complicado de se achar alguma coisa. Menos mal que os próprios alunos estão tentando reorganizar a biblioteca.