DIÁRIO DE CAMPO MARÇO 2013

mar 12th, 2013 | By | Category: Diário de Campo, Reflexões

Dia 06/03/2013, meu primeiro dia no campus como estagiário de Licenciatura em Física, estou muito feliz por fazer parte de algo em prol das pessoas e para meu aprendizado enquanto acadêmico.  A turma de meu estágio será no PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) com vinte e oito alunos, esta modalidade de ensino propõe a atender um público ao qual não tiveram acesso a educação durante a infância e/ou adolescência, por diversos motivos, dentre eles sociais, culturais, etc. Neste primeiro dia entrevistei a Coordenadora do curso e o Professor de Física . A entrevista foi muito produtiva, conversamos sobre diversos assuntos voltados ao PROEJA, dentre eles o funcionamento do curso e sua organização, conforme relato da professora a modalidade do PROEJA é de agroindústria, ou seja, este curso enfatiza os conhecimentos em tecnologia de carne, leite, vegetais, pescados e panificação. O aluno cursa as disciplinas de ensino médio em um período de dois anos e paralelo a isto ele cursa uma formação técnica de agroindústria. A faixa etária dos alunos é a partir de dezoito anos e concluído o ensino fundamental. O PROEJA enfrenta problemas quanto à contratação de professores, alunos com pouca escolaridade, destes muitos não sabem escrever direito e conforme relato do Professor de Física há dificuldades em trabalhar com operações básicas na matemática e entender a Física. O curso também tem como objetivo trazer os saberes dos alunos para sala de aula e moldar de forma que eles consigam compreender melhor e aplicar o aprendizado no dia a dia. A Física está presente no primeiro ano do curso com duas aulas por semana.

Livro Professor Demétrio

Em um diálogo com o professor de Física  ele comentou suas vontades em aplicar aulas diferenciadas para turma do PROEJA, nesta turma ele vai adotar o seguinte livro  de apoio: DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José A. Peres; colaboração PIERSON, Alice Campos. – São Paulo: Cortez, 1992 – 2. ed. rev. – (Coleção magistério – 2° grau. Série formação geral). O fato de lecionar toda Física em um único ano, talvez seja difícil o aprofundamento dos conteúdos. Comecei a Ler o livro de apoio e por sinal ótimo, ele tem como foco de melhorar a qualidade do ensino médio dando subsidios aos professores e alunos, além dos textos para cada assunto uma proposta de conteúdos básicos e indicações metodológicas para o trabalho em conjunto do professor e dos alunos. As aulas de Física no plano de ensino tem como objetivos geral da disciplina servir de veículo com respostas aos atos de sua vida e como parte integrante do meio, possibilitando uma maior compreensão das relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade.

 

 

Laboratório de Física

 

 

O espaço físico para os alunos é ótimo, possui Biblioteca, Laboratórios dentre eles o de Física, refeitório para os alunos, professores e Técnicos Administrativos.

 

 

 

 

Salas de Aula, Biblioteca, Auditório

 

Livros de Física

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia 08/03/2013, neste dia o professor ainda não tinha iniciado sua aula e os alunos fizeram um comentário que a matemática é um dos maiores temores deles, provavelmente seja porque muitas das dificuldades nos estudos venham de má interpretação dos exercícios e  modelização matemática. O professor  deixa claro aos alunos que prioriza o conhecimento Físico e não somente a Matemática. Ele iniciou a aula falando sobre o que é Física, ou seja, a Física é uma ciência que estuda os fenômenos naturais. O professor comenta que a Ciência está diretamente ligada em adquirir conhecimento para melhorar a vida e as coisas em nosso em torno, ele comentou que “a ciência serve para conhecer e conhecimento serve para mudar nossa vida”.

O professor  fez uso do datashow além do quadro para apresentar de uma forma geral os ramos da Física. Algo durante a aula chamou a atenção quando o professor comentou sobre não ter necessidade em copiar a apresentação e uma aluna disse “prefiro copiar” notei que a turma no geral está com bastante interesse em aprender. Durante a explicação do professor a cada troca de slide o professor faz exemplos, explica de forma simples e com entendimento dos alunos.

Ao final da aula ele contou um pouco de sua história enquanto estudante de Licenciatura em Física e das dificuldades em conseguir realizar os sonhos mostrou aos alunos que com dedicação todos conseguem atingir seus objetivos desde que priorizem as necessidades para aquele momento. Na minha visão a humildade do professor neste momento cativou os alunos e motivou-os a continuarem acreditando e persistindo em conquistar seus sonhos.

Após a aula de Física assisti a de Biologia, a professora comenta sobre sua formação e que as aulas serão expositiva dialogada, as avaliações serão trabalhos, está planejando uma saída de campo e eventuais palestras. Nesta disciplina percebo que os alunos estão mais cansados, não sei se é pelo horário e dia da semana ou que os recursos usados na aula são apenas a fala e quadro. No restante a aula foi interessante e o assunto debatido foi o ser vivo com interações entre a professora e os alunos.

Em 21/03/2013 assisti a aula de Processos de Aprendizagem com aplicação de um questionário com intuito de elaborar um diagnóstico Inicial da turma. Alunos aflitos questionam sobre se vale nota ou não a professora respondeu várias vezes que não, será apenas para avaliar qualitativamente a interpretações dos alunos para futuras intervenções. Percebo que os alunos ao escreverem as respostas do questionário temem que sejam questões valendo nota e não apenas de diagnóstico.

Conforme comentários  dos alunos, eles temem e muito a Matemática, e as disciplinas não são interdisciplinares , em outros momentos já foram, os professores preferiram modificar a interdisciplinaridade, que em minha opinião desconectou o elo entre as matérias. Sou a favor da interdisciplinaridade, pois presenciei alguns comentários “o quê vai servir este assunto para minha vida”, um curso técnico além das disciplinas do curso deverá focar nas disciplinas do núcleo comum, Matemática, Física, Química, Português, etc; com aplicações nas disciplinas técnicas. Nas aulas de Física e Biologia os professores comentaram algumas aplicações dos conteúdos no dia a dia, sem muito aprofundamento.

No meu entendimento o comportamento dos alunos neste contexto revela que o professor não é uma máquina pensante, ele é um ser humano que transmite seus conhecimentos aos alunos. Podemos repensar que a Física não é tão somente leis que regem os fenômenos da natureza junto com modelizações matemáticas, a Física também é o pensamento, a cultura e que de uma maneira mais acessível tudo é possível basta querer, acessível não quer dizer “fácil ou facilitado aos alunos”, mas sim de uma linguagem não tão formal para despertar o interesse pela Ciência e Tecnologia.

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2 Comments to “DIÁRIO DE CAMPO MARÇO 2013”

  1. Patrícia de Souza Oliboni disse:

    Diorges, você mencionou que há muitas dificuldades em trabalhar operações matemáticas e a física em si, mas você percebe se há um interesse maior dos alunos em aprender? Pois em um ensino regular, ás vezes percebemos que certos alunos desistem de aprender, perdem o interesse quando não entendem mais o conteúdo, isso ocorre nessa sua situação? Pois no seu caso são alunos mais maduros, que possuem um objetivo e, diante das dificuldades, é muito importante o trabalho que você mencionou de trazer os saberes dos alunos para sala de aula e moldar de forma que eles consigam compreender melhor e aplicar o aprendizado no dia a dia.
    Achei muito legal que o livro de apoio que eles usam ter sido escrito por professores da UFSC, um deles nosso professor, o Demétrio, fiquei muito interessada em conhecer esse livro e verificar como ele traz a física para os alunos.
    Diorges, ainda sobre a dificuldade dos alunos na matemática e na interpretação dos exercícios, como o professor trata dessas questões?

    • Diorges Evandro Guessi disse:

      Patrícia, as aulas em que participei percebo que os alunos “temem a matemática” porém, tenho como convicção que o grau de dificuldes é menor do que a vontade em aprender o desconhecido. A desistência de alguns alunos de continuar estudando é o fato de que em algumas situações no passado foram expostos, talvez seja este o fato de que muitos alunos do ensino regular desistem, quando eu lecinava percebia que a maioria dos alunos com dúvidas no ensino regular sofriam quando seus coleguinhas zoavam das perguntas então, nestes momentos sempre era necessário uma intervenção do no sentido de evidenciar que o aluno com as dúvidas não deveria ser zoado e sim respeitado, isto faz a diferença e muito para os alunos com dificuldades no aprendizado. Quanto aos alunos mais maduros eles têm sede do conhecimento e quando há duvidas percebo que estes alunos são respeitados pela turma e principalmente pelo professor.
      Este é um dos objetivos da Coordenação do curso trazer os saberes dos alunos para sala de aula, pois quando estas pessoas adultas percebem a possibilidade em usar conhecimentos adquiridos em salas de aula e aplicar no seu dia a dia, eles ampliam seus horizontes e sentem-se melhores naquilo que fazem.
      Há sobre o livro de apoio existe um exemplar com o professor de Física e eu encontrei outro na Biblioteca do colégio onde faço o estágio, os alunos não possuem livro didático, até pela própria dinâmica em sala de aula que deve ser diferenciada o Livro dos professores DEMÉTRIO DELIZOICOV e JOSÉ ANDRÉ PERES ANGOTTI da Coleção Magistério 2º Grau é ótimo para os professores trabalharem de uma forma mais contextualizada os conteúdos da Física, se você tiver a oportunidade de ler será uma leitura muito agradável e rica em conteúdos a serem aplicados em sala de aula, acredito que existem exemplares na Biblioteca da UFSC.
      As dificuldades elas existem, quando os alunos comentaram sobre a “temida matemática”, o professor falou que prioriza o conhecimento Físico em suas avaliações, acredito que por ser uma turma diferenciada a Física ao longo do ano será mais contextualizada e com poucas modelizações matemáticas.

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