Física no terceiro ano do ensino médio

mar 31st, 2013 | By | Category: Reflexões

Após 5 semanas de observação em uma turma do terceiro ano do ensino médio, nota-se que o ano escolar inicia-se com conteúdos curriculares referentes aos fenômenos elétricos. Partindo-se do conceito fundamental de carga elétrica, existe todo um encadeamento organizado e sistematizado de conteúdos que descrevem as interações que ocorrem entre cargas elétricas. A partir do conceito fundamental são descritos processos de eletrização, a Lei de Coulomb, Campos Elétricos, Lei de Ohm, etc. Todos esses conceitos, ou a maioria deles, envolvem um conceito ainda mais geral: o de força.

Existem 4 forças fundamentais na natureza: A força gravitacional, a força nuclear fraca, a força nuclear forte e o Eletromagnetismo. A Mecânica Quântica é o modelo que existe atualmente para tratar as forças nucleares fraca e forte, e também o eletromagnetismo, como manifestações de uma única interação mais fundamental. As pesquisas em Física tentam incluir a força de gravidade e unificar as 4 forças em uma “Grande Teoria da Gravitação Quântica”, até agora sem sucesso.

Os fenômenos elétricos fazem parte do eletromagnetismo, que combina as forças elétricas e as forças magnéticas. Compreender os fenômenos elétricos, é compreender um aspecto daquelas 4 forças fundamentais. Isto seria um objetivo “mais filosófico” dentro da Física. É ótimo olhar para o nosso mundo e entender o que está se passando. É ótimo olhar para uma imagem na TV e (além de curtir o filme) entender como ela se forma. É bom compreender como se formam os raios e relâmpagos em uma tempestade.

Em se tratando de Física Aplicada, como poderíamos compreender o mundo atual, sem os conhecimentos sobre eletricidade? A eletricidade faz parte de nosso dia a dia.

A transmissão e construção de conhecimentos sobre eletricidade envolve também a transmissão e construção de conhecimentos matemáticos. A Física usa e abusa da Matemática. Isto pode ser um aspecto dificultador no ensino dos conteúdos sobre eletricidade, pois existe muita matemática envolvida. Os estudantes têm que estar familiarizados com geometria, trigonometria e álgebra, se quiserem entender os conceitos referentes a este conteúdos.

Por outro lado, existem muitos “eletricistas” que não sabem quase nada da teoria Física, mas que são capazes de montar um protótipo de um rádio, por exemplo, ou fazer os mais variados trabalhos e consertos em aparelhos elétricos. Muito físicos, quando tem algum problema em equipamentos elétricos, chamam técnicos para fazerem os consertos necessários. Então, o ideal é que tivéssemos acesso à teoria e à prática.

Nosso sistema educacional é deficiente. Seria bom se pudéssemos ter um sistema educacional de período integral, onde os estudantes em formação tivessem mais tempo de estudos, teóricos e práticos. Seria bom se houvesse mais tempo para a realização de experiências que produzissem um conhecimento palpável e visível do que se apresenta na teoria. No modelo atual, a Física acaba se tornando uma coisa muito abstrata. E muitos estudantes podem pensar naquela famigerada frase: “Pra que eu vou usar isso?”

E quando se estuda a matemática, talvez seria uma boa opção relacionar, ao mesmo tempo, como os seus conteúdos têm alguma aplicação na Física. Afinal as duas ciências caminham juntas:  A lei dos co-senos por exemplo… Seria uma boa opção que, ao se ministrar esse conteúdo nas aulas de matemática,  se pudesse exemplificar sua aplicação na Lei de Coulomb. Mas para isso, o professor de Matemática deve possuir também bons conhecimentos de Física. Esta seria uma situação ideal, mas que no contexto atual do nosso sistema de ensino, ainda está longe de se tornar realidade.

Uma questão que se coloca: Qual a melhor forma de se avaliar os alunos? Pela experiência que estou tendo no estágio, estou vendo a aplicação de um modelo de avaliação que independe de provas, sejam objetivas ou discursivas. Existem na literatura de pesquisa em ensino de Física, textos que sugerem a possibilidade de adoção de outras formas de avaliação. Neste aspecto, penso que isto depende de muitas variáveis, como por exemplo, a própria disciplina que se está lecionando, o comportamento da turma em sala de aula, a experiência do professor, os objetivos dele, etc. Se tudo isso for levado em conta penso também que este modelo de avaliação sem provas pode ser aplicado sem prejuízo ao processo de ensino-aprendizagem.

Tags: , ,

2 Comments to “Física no terceiro ano do ensino médio”

  1. Simone Sobiecziak disse:

    Olá Roberto! Fiquei responsável por comentar a sua postagem.
    Durante as observações que você fez, o professor adotou alguma metodologia diferenciada para trabalhar esses conteúdos com os alunos? E como foi a reação dos alunos para a receptividade e motivação em aprender esse assunto?
    A respeito da avaliação diferenciada, sou muito a favor de métodos que não sejam somente o da prova formal escrita. Mas como você mesmo comentou o professor deve conhecer a turma, e ter uma certa experiência.
    Já estudamos várias formas de avaliações que podem ser aplicadas nos alunos e temos um grande diferencial de podermos aplicar as teorias que explicamos aos nossos alunos.
    Uma maneira que poderia citar de avaliação diferenciada, pode até ser um experimento no qual o professor avalia o poder investigativo do aluno, na participação dele para a construção do seu próprio conhecimento, como ele enuncia as suas conclusões e os raciocínios que ele tem ao realizar a prática. Para isso, não precisa necessariamente depois do experimento um questionário formal, por exemplo, para os alunos, o professor pode avaliar a atitude do aluno frente ao desafio.
    Outro tipo de avaliação diferenciada que é válida, é na construção de experimentos por eles mesmos, como você citou, um eletricista que não sabe a teoria, consegue fazer a prática facilmente. E assim são nossos alunos, muitas vezes aqueles que não demonstram habilidades em cálculos ou teorias, mostram que são excelentes em montar protótipos, aparatos, e sistemas.

  2. Luiza disse:

    Caro Colega
    Suas observações e comentrários são bastante pertinentes e de gande importância.
    Portanto, espera-se que o ensino de Física nas escolas contribua para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao aluno a interpretação de fatos, fenomenos e processos naturais, situando-o e dimensionando-o com a natureza como parte da mesma. É essencial então, que o conhecimento fisico seja explicitado como um processo histórico de contínua tranformação e aassociada a outras formas de expressão e produção humana.
    Explicar uma Física que discuta a origem do universo, suas evoluções, dos motores a combustão,das células fotoelétricas, das radiações presentes no dia a dia e também dos principios gerais que permitem generalizar todas essas compreensãoes.
    Quanto a avaliação, podemos dizer que a avalaiação não se resume somente na medição de quanto o aluno aprendeu ou da profundidade do que aprendeu mas,na percecpção da aprendizagem do aluno com base nos critérios elaborados previamente que levem em consideração aspectos como valores e outros objetivos formativos, bem como na subjetividade dessa avaliação que deve consistir na interpretação desses critérios elaboados anterioemente.

Leave a Comment

You must be logged in to post a comment.