Interdisciplinaridade no ensino de Física

abr 28th, 2013 | By | Category: Reflexões

 

 

Algumas disciplinas parecem vilãs como Matemática, Química, Física, etc. Este temor que alunos não só do EJA, mas de uma forma geral têm, seja pela falta de compreender, estabelecer interligações e aplicações no seu dia a dia os conhecimentos adquiridos, ou por falta de interesse em estudar, ou as aulas são muito teóricas, ou falta de interdisciplinaridade­­.

 

 

O artigo “Interdisciplinaridade e atividade experimental: uma alternativa para o ensino em turmas do PROEJA” trata de uma pesquisa efetuada no CEFET-SC, atual IFSC, unidade Florianópolis, com uma turma do Programa Nacional de Integração de Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, PROEJA do módulo I. O trabalho efetuado pelos Professores de Física e Matemática através de experimentos, criando a possibilidade de debates e reconstruir conceitos Físicos e uso de diferentes formas de modelizações Matemáticas dos fenômenos observados. O experimento usado abriu o diálogo entre professores e alunos sobre modelos e conceitos elaborados pelos próprios estudantes.

Cabe ressaltar que os anos longe da escola, aliados às experiências de vida e às peculiaridades vividas no mundo do trabalho propiciaram aos alunos da EJA a formulação de conceitos, visões de mundo e processos matemáticos muitas vezes distantes dos apresentados e defendidos como “corretos” pela escola. Assim, parece-nos que seja imprescindível criar um cenário onde se possa oportunizar a estes estudantes a explicitação das crenças, dos mitos, das visões de mundo, das leituras e das representações matemática (Queiroz & Ramos, 2007).”

Criar um ambiente propício aos estudantes sempre será oportunizar o dialogo em sala de aula, não apenas sobre os fenômenos da natureza, mas sim debates sobre assuntos pertinentes ao entendimento destes fenômenos relacionando-os com o dia a dia. O uso da matemática para modelizações destes fenômenos cria um conjunto interdisciplinar. Muitas vezes somente a explicação do abstrato pelo professor torna-se difícil. “Apresentar aos estudantes estruturas matemáticas e maneiras de representação, existentes somente no intelecto, e delas se apropriar na busca de explicação do mundo que nos cerca não é uma atividade das mais simples, sendo que esse quadro ainda é mais desafiador na EJA (Queiroz & Ramos, 2007).”

A parte experimental na pesquisa evidenciou durante o processo, a significativa contribuição para inovações de práticas pedagógicas, de acordo com o autor foram os diálogos que surgiram antes e depois de cada experimento. Esta forma de trabalho colocou a disposição dos estudantes um conjunto de recursos que lhes permitiu entender de forma mais ampla a aplicabilidade dos conceitos e processos matemáticos, realçando o aspecto formativo da matemática estimulando, dessa maneira, o interesse pelo seu descobrimento. (Queiroz & Ramos, 2007).”

Modificar a prática pedagógica atendendo as necessidades dos alunos e criar um ambiente próximo do real motiva a busca pelo conhecimento e suas aplicabilidades.

“… a motivação dos alunos aumentou significativamente, pois, embora chegassem cansados de seus respectivos trabalhos diários, eles participaram entusiasticamente tanto nas aulas dentro da escola quanto na pesquisa em campo. Ao proporcionar a atividade investigativa como as aulas de campo, notamos um aspecto que nos fez refletir sobre a crise que há muito tempo se instalou no ensino de Física, o interesse dos alunos. Não obstante as dificuldades da EJA, os alunos mostraram grande empenho e conseguiram, com suas próprias palavras, expressarem grande parte dos conceitos científicos utilizados…(Alencar & Oliveira, 2005).”

Quando se envolve os alunos em atividades práticas são criadas situações propícias aos questionamentos, construção e desconstrução de entendimentos errôneos sobre determinadas teorias. Os alunos trabalhando como futuros cientistas nos laboratórios e professor assessorando de forma parcial, ou seja, apenas quando é necessário intervir, transfere um pouco mais de responsabilidades a eles que desejam também demonstrar que são capazes.

Ao propor aulas com temas referentes ao cotidiano e ou experimentais, poderemos dar um importante passo rompendo barreiras criadas pelos alunos em que é possível evolver a teoria com a prática e de forma interdisciplinar a Física, Matemática, Português, etc.

A necessidade das aulas serem interdisciplinar envolvendo também a teoria, prática e o dia a dia dos alunos, pode-se pensar em criar situações reais aos alunos propondo atividades em que eles sejam parte integrante do processo de interação entre a teoria e a prática. Contextualizar o ensino de Física enriquece a aula, o fato de o professor usar a relação do dia a dia envolvendo trabalhos em sala de aula com participação ativa dos alunos, algo como uso de laboratórios, elaboração de relatórios modelizações matemáticas, criação de gráficos dos experimentos, torna a aula mais atrativa, rica em conhecimento, interdisciplinaridade, comunicação entre as partes envolvidas e a dinâmica da aula fazem toda a diferença.

Referência

ALENCAR, José Ricardo da Silva; OLIVEIRA, Sérgio Henrique Bezzerra. Temas Conectores: Uma alternativa ao modelo clássico de ensino de Física. Belém, 2005. Disponível em:

http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/venpec/conteudo/artigos/1/pdf/p413.pdf

DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André. Física. 2 ed. rev. São Paulo: Cortez, 1992.

QUEIROZ, C. A.; RAMOS, E. E. L.. Interdisciplinaridade e atividade experimental: uma alternativa para o ensino em turmas do PROEJA. Florianópolis, 2007. Disponível em:

https://periodicos.ifsc.edu.br/index.php/rtc/article/view/935

 

 

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One Comment to “Interdisciplinaridade no ensino de Física”

  1. Simone da Silva Clara disse:

    Não é apenas no EJA que existe este problema, na dificuldade que os alunos possuem em Matemática, Química, Física e otras disciplinas, mas são essas disciplinas que envolvem cálculos que despertam uma maior dificuldade e medo perante os alunos, uma ligação entre a matemática e essas disciplinas ajudariam muito, algumas vezes trabalhamos alguns cálculos com eles em Física juntamente com a teoria e eles falam que não aprenderam ainda na matemática e acaba dificultando muito o trabalho.

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