(G3) Uma nova perspectiva para a aplicação de problemas no ensino de física.
abr 1st, 2014 | By João Paulo Bedretchuk | Category: ReflexõesO artigo lido aborda questionamentos a respeito da didática habitual de resolução de problemas em física, na intenção de provar as falhas dos métodos atuais e propor a elaboração fundamentada de propostas mais efetivas. Para isso, inicia com questionamentos a respeito da maneira como são tratados os problemas em sala de aula e, através de um exemplo de cinemática, prova as falhas existentes nos métodos atuais.
Citando Albert Einstein: “Nenhum cientista pensa com fórmulas”, o autor coloca como causa principal do fracasso dos métodos atuais a falta de uma prévia discussão qualitativa dos problemas, ou seja, o operativismo mecânico. Para ele, antes das equações e dos cálculos devem vir as associações qualitativas entre os conceitos físicos, expostos com palavras sensíveis. A falta de um tratamento adequado acaba por favorecer o desenvolvimento de visões confusas, em vez de contribuírem para uma aprendizagem significativa.
O texto afirma a necessidade de um replanejamento em profundidade, questionando o que se entende por problemas e colocando estes como situações dificultosas para as quais não existem soluções fechadas. Neste sentido, é necessário compreender que resolver um problema não consiste em repetir o método utilizado pelo professor em um exemplo anterior, mas propor hipóteses para sua solução e testá-las.
Para fugir de qualquer possibilidade de operativismo, a proposta é que se elimine a possibilidade de simples aplicações de dados em equações. Para isso, propõe-se que as informações quantitativas presentes nos problemas tradicionais sejam retiradas, tornando a questão aberta e impossibilitando a simples busca por um resultado numérico final.
Como exemplo, o autor propõe a modificação do seguinte problema:
“Sobre um móvel de 5000kg que se desloca com uma velocidade de 20m/s, atua uma força de freamento de 10000N. Que velocidade terá após ter começado a frear?”
Segundo sua proposta, este problema poderia ser apresentado da seguinte forma:
“Um carro começa a frear ao ver a luz amarela, que velocidade terá no semáforo?”
Esta drástica alteração no formato do problema apresentado mostra a idéia do autor quanto a mudança na abordagem didática. Para que seja possível a aplicação de problemas neste formato, é necessário um trabalho diferenciado que permita ao aluno desenvolver a capacidade de abordá-los.
Considerando as colocações feitas pelo autor, as mudanças propostas nos problemas parecem ser capazes de produzir efeitos consideráveis na aprendizagem dos alunos, alterando o foco dos problemas atuais.
O problema da proposta parece estar na complexidade de inserir este novo modo de trabalhar com as situações propostas, sendo que os alunos estão acostumados a um tratamento sistemático, onde seguir o método remete ao acerto dos resultados.
Tendo em vista que os problemas que envolvem mais diretamente as equações matemáticas também são parte importante do processo de ensino aprendizagem, não pode-se considerar sua exclusão do processo de ensino. É necessário, portanto, equilibrar os métodos de abordagem e proporcionar aos alunos problemas que os permitam realizar abordagem mais científicas sem no entanto, excluir as relações matemáticas e suas contribuições.
Por fim, considera-se imprescindível uma mudança na abordagem dos problemas físicos tradicionais, de modo que se consiga eliminar o tratamento operativista destes e fazer com que os alunos estabeleçam relações mais próximas entre os conceitos trabalhados e as equações matemáticas que os representam.
GIL-PÉREZ, D.; MARTINEZ-TORREGROSA, J.; RAMIREZ, L.; DUMAS-CARRÉ, A.; GOFARD, M.; CARVALHO, A. M. P. Questionando a didática da resolução de problemas: elaboração de um modelo alternativo. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 9, n. 1, 1992.
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