(G3) Estratégias de Resolução de Problemas de Física
abr 7th, 2014 | By Cristina Evaristo Silva | Category: ReflexõesPara Peduzzi em seu artigo Sobre a Resolução de Problemas no Ensino da Física, o problema ocorre quando se tem um processo de reflexão e tomada de decisão (p. 130) e as dificuldades são tomadas como a não compreensão dos temas abordados.
O artigo faz referência a vários outros autores e suas estratégias de resolução de problemas como, por exemplo, como G. Wallas e as fases na solução de problemas: preparação, incubação, iluminação e verificação. Ou ainda G. Polya: compreender o problema, delinear o plano, colocar em execução plano, olhar retrospectivamente. É possível que a resolução de um problema de Física seja um procedimento quase mecânico, em que, respeitando-se uma série de métodos pré-estabelecidos, a resposta seja uma conseqüência natural.
Muito embora para o professor de Física a resolução de problemas não mereça grande atenção, esta é condição necessária para a aprovação de seu aluno. Desta forma, é possível listar algumas estratégias para resolução eficiente dos problemas:
1. Ler o enunciado do problema com atenção, buscando à sua compreensão;
2. Representar a situação-problema por desenhos, gráficos ou diagramas para melhor visualizá-la;
3. Listar os dados (expressando as grandezas envolvidas em notação simbólica);
4. Listar a(s) grandeza(s) incógnita(s) (expressando-a(s) em notação simbólica);
5. Verificar se as unidades das grandezas envolvidas fazem parte de um mesmo sistema de unidades; em caso negativo, estar atento para as transformações necessárias;
6. Analisar qualitativamente a situação problema, elaborando as hipóteses necessárias;
7. Quantificar a situação-problema, escrevendo uma equação de definição, lei ou princípio em que esteja envolvida a grandeza incógnita e que seja adequada ao problema;
8. Situar e orientar o sistema de referência de forma a facilitar a resolução do problema;
9. Desenvolver o problema literalmente, fazendo as substituições numéricas apenas ao seu final ou ao final de cada etapa;
10. Analisar criticamente o resultado encontrado;
11. Registrar, por escrito, as partes ou pontos chave no processo de resolução do problema;
Através destas estratégias seria possível, de uma forma quase que metódica encontrar a solução de um problema. Por outro lado, alguns pré-requisitos básicos são indispensáveis como embasamento teórico, conhecimento matemático e raciocínio lógico são as qualidades mínimas que o estudante deve apresentar para que seja possível completar todas as etapas da resolução.
Referências
Imagem: http://portal.mec.gov.br/images/stories/noticias/2013/aulas_de_fisica_produto_mercadolivrecombr.jpg
PEDUZZI, Luiz O. Q. Sobre a Resolução de Problemas no Ensino de Física. Disponível em: <http://www.ufpi.br/subsiteFiles/pibidfisica/arquivos/files/artigo%20peduzzi.pdf>. Acesso em: 11/10/2013.
Olá, Cristina!
Veja que parece até um guia de passo-a-passo para fazer ciência (fazendo uma intersecção com Evolução dos Conceitos e a questão do método científico rígido). Parece até que temos uma receita de bolo…
Mas veja o quanto é sofisticada a questão de resolver um problema na educação em física. Há uma quantidade enorme de estruturas de linguagem que o aluno deve mobilizar! Interpretar o enunciado proseado, reconhecer grandezas, tratá-las como a física trata, adicionar unidades, fazer desenhos e gráficos, associar todas essas coisas. Resolver problemas é, de fato, algo bastante complexo cognitivamente. É natural, portanto, um descompasso entre o que o professor espera e o que o aluno pode oferecer, caso não esteja familiarizado com tantas novas formas de linguagem.
Seria interessante se você, no seu estágio, observasse as diferenças dos alunos em termos de emprego dessas novas linguagens: aqueles que demonstram mais facilidade na interpretação, na escolha da equação certa a empregar, no desenho de gráficos, na representação imagética do problema, etc. É possível que tu notes algumas diferenças cognitivas entre teus alunos dessa forma!
pois é Marines! sempre há diferenças, você acredita que deveríamos resgatar aquela antiga prática de separar os alunos “bons” e “fracos” em diferentes turmas? é preconceito ou isso iria agilizar o processo?
Quando era possível optar entre magistério e científico as aulas não funcionavam melhor? não vivi essa época, mas não me parece uma ideia ruim.
É interessante tu tocares neste assunto, porque justamente na semana passada eu estava debatendo a mesma coisa com uma colega. Ela defende que alunos “bons” sejam separados de alunos “ruins”. Na sua concepção, nossa cultura escolar, baseada em certos comportamentos tradicionais, não apenas falha com os alunos ruins, tornando-os ainda piores, como também falha com os alunos bons, que têm seu potencial jogado fora.
Eu acho, no entanto, particularmente difícil propor tal separação. Primeiramente, pois acredito que nossos alunos têm diferentes formas de se relacionar com o conhecimento e de construir suas representações sobre eles, ou seja, várias inteligências. Assim, fica difícil distinguir, de forma justa, quem é “bom” e quem é “ruim”. Se formos nos basear apenas no tipo de conhecimento que a escola hoje em dia propõe, logicamente fica fácil. Mas, democraticamente pensando, e lembrando que a escola pública é financiada pelo imposto de todos, não podemos gerar escola apenas para os que consideramos bons, não é mesmo?
Então, sou mais da posição de, em primeira instância, mudar a cultura escolar e proporcionar uma educação que possa ser inclusiva às diversas configurações cognitivas dos alunos.
Olha, também não vivi naquela época. Não sei como funcionava…
Alguns colegas da disciplina estão desenvolvendo no seu estágio temas vinculados a resolução de exercícios. isto me chamou a atenção, pois embora o meu tema seja outro (Motivação para o aprendizado de Física), levantei dados interessantes a este aspecto.
Apliquei um questionário e uma das questões se referia a identificar qual a maior dificuldade que o aluno possui na disciplina de Física. Os resultados foram:
Cálculos – 35,00%;
Compreensão da teoria – 24,00%;
Interpretação das questões – 25,00%;
Não possuo nenhuma dificuldade – 6,00% e
Outras – 10,00%
Conforme o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes,o Brasil ficou com as seguintes colocações:
Leitura – 55º lugar;
Matemática – 58º lugar e
Ciências – 59º lugar.
O questionário mostrou que a maior dificuldade no aprendizado de Física não está propriamente no conteúdo mas sim na Matemática que se faz necessária bem como na interpretação das questões para a resolução dos problemas.
Sendo assim estes conhecimentos (Matemática e Interpretação de Textos), que no meu ponto de vista, são ferramentas para o aprendizado de Física, tornaram-se suas maiores dificuldades. Diante disso, o professor além de ter que ensinar o conteúdo de Física, deve também aliar técnicas que concomitantemente facilitem o aprendizado da Matemática e da Interpretação.