(G3) Relações Matemáticas e a Aplicação de Problemas – Relato 1

mai 24th, 2014 | By | Category: Reflexões

Segundo o artigo “Resolução de problemas e o papel da matemática como estruturante do pensamento físico” não basta saber matemática, é preciso ensinar nossos alunos a pensar matematicamente quando se deparam com problemas de Física. Na tentativa de fazer com que os alunos compreendam melhor as relações matemáticas, seu significado e relação com os conceitos físicos, assim como desenvolvam a capacidade de pensar matematicamente, a abordagem inicial do conceito de dilatação foi realizada através de questionamentos sobre a relação entre as variáveis envolvidas no fenômeno de expansão térmica. Os seguintes questionamentos foram feitos:

  • “Dois blocos de materiais diferentes e de mesmo tamanho sofrem a mesma variação de temperatura. Os dois terão um mesmo aumento em seu tamanho?”
  • “Duas barras de um mesmo material possuem comprimentos diferentes e sofrem a mesma variação de temperatura. Ambas terão a mesma variação em seu tamanho?”
  • “Dois blocos de um mesmo material e de mesmo tamanho sofrem variações de temperatura diferentes. Ambos terão a mesma variação em seu tamanho?”

 

Através desses questionamentos foram discutidas as relações entre a dilatação, o tamanho do material, o tipo de material e a variação de temperatura. Com isso foi possível construir a equação matemática. Esta proposta mostrou-se eficiente, no sentido em que permitiu aos alunos compreender a proporcionalidade entre as variáveis e relacioná-las aos conceitos físicos. A partir daí, foram aplicados alguns problemas diferentes daqueles usualmente trabalhados em aulas tradicionais, para induzir os alunos a pensarem nas relações entre as grandezas físicas. Alguns dos problemas aplicados foram:

  • “É possível que um pedaço de vidro sofra maior dilatação que um pedaço de chumbo? Por que?”
  • “Duas chapas, A e B, de mesma área superficial inicial, sofrem a mesma elevação de temperatura.  As dilatações destas chapas poderão ser diferentes?  Explique.”

 

Ao aplicar problemas como esses, alguns alunos se mostraram desconfortáveis, pelo fato de estarem acostumados a resolverem problemas tradicionais, afirmando que preferiam os exercícios comumente aplicados. Esta “repulsa” para com os problemas aplicados foi superada aos poucos. Com o decorrer das aulas os alunos passaram a encará-los com mais naturalidade.

Outro fato interessante é que alguns alunos que, em aulas tradicionais, tinham dificuldades em resolver os exercícios e compreender as relações matemáticas mostraram-se mais interessados na disciplina e passaram a resolver os problemas com mais facilidade e naturalidade que os demais.

Os problemas aplicados permitiram que os alunos compreendessem as relações matemáticas entre as grandezas e parece ter provocado um aprendizado diferente daquele proporcionado pelos exercícios tradicionais.

 

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2 Comments to “(G3) Relações Matemáticas e a Aplicação de Problemas – Relato 1”

  1. Cristina Evaristo Silva disse:

    que legal joao!!! já passei por esta situação algumas vezes tambem! o problema prático exige muito mais raciocinio e esperteza do aluno que um problema tradicional, isso faz muitos deles não gostarem, outros, mais inteligentes, já se adaptam bem a proposta e até gostam mais.
    o fato é que o aluno vem, desde a primeira seria, sendo formatado, e essa formatação nao passa pelos problemas práticos, logo, ao se deparar com um, a primeira reação é torcer o nariz, o que você acha? abraços!!

    • João Paulo Bedretchuk disse:

      Sim, a dificuldade parece estar no desconforto sentido pelo aluno ao se deparar com um novo formato de problema. Aqueles alunos que tinham mais facilidade em resolver os exercícios tradicionais mostraram-se pouco receptivos aos novos problemas, pois iriam precisar de um maior esforço mental para encontrar sua solução. Por outro lado, aqueles que não conseguiam desenvolver com muita facilidade os exercícios tradicionais pareceram mais receptivos e até mesmo interessados em resolver os novos problemas.
      É interessante perceber como os alunos se adaptam a metodologia dos professores e sentem dificuldades quando esta é alterada.

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