Todos sabem que a realidade da educação brasileira não é das melhores, mas essa situação se torna muito mais evidente quando se começa a fazer uma análise mais objetiva da situação.

Numa primeira conversa com o professor das turmas na qual estou estagiando ele me contou que está cursando engenharia química e que só aceitou pegar essas duas turmas pra lecionar física porque elas estavam desde o início do ano sem professor e que se ele não assumisse, talvez ficassem sem aulas de física por todo o ano letivo.

O professor me pareceu bastante preocupado em passar alguns conceitos básicos de física para os alunos, porém me pareceu também inseguro em quais conceitos passar e como fazê-lo, levando em conta que tem apenas duas aulas por semana.

Ele optou então por não utilizar o livro didático disponível na escola e está usando uma apostila de cursinho. Essa apostila é utilizada em um pré-vestibular para escolas públicas e ele acredita ser esse o melhor material que tem disponível porque é um material produzido pela UFSC.

Nas aulas que assisti o professor copiou  no quadro os conceitos e exercícios da apostila e pediu para que os alunos copiassem no caderno. Eu questionei a respeito do tempo perdido e ele me respondeu que pediu para que os alunos adquirissem cópias do material que ele tinha deixado para ser fotocopiado na secretaria, mas, que nenhum aluno tinha feito isso ainda.

Eu imaginei que a maioria dos alunos não vai fazer as cópias porque cada página tem pra eles um custo de 15 centavos. Temos na biblioteca da escola livros didáticos aprovados pelo MEC em número suficiente para que cada aluno leve o seu pra casa e possa utilizá-lo durante todo o ano letivo sem nenhum custo. Gostaria de poder dizer a ele que talvez a sua estratégia a respeito do material a utilizar esteja equivocada.

Abaixo as fotos da apostila utilizada pelo professor.

A primeira foto corresponde a capa e a segunda foto ao conteúdo trabalhado com os alunos nas aulas que assisti.