A Física e a Física da Escola

mar 29th, 2013 | By | Category: Reflexões

A Física é uma ciência, e como tal, trata do estudo da natureza, do Universo, seus fenômenos e aspectos mais gerais. Tendo isso em vista, parece irônico que durante todo o Ensino Médio o aluno sequer fala a respeito da natureza. Não a observa, nem reflete a respeito dos fenômenos que a envolvem. A Física que o estudante aprende durante este período é um turbilhão de teorias, conceitos, definições, fórmulas sem falar nos cálculos que permeiam a maioria dos conteúdos.

Segundo os PCNs “A Base Nacional Comum contém em si a dimensão de preparação para o prosseguimento de estudos e, como tal, deve caminhar no sentido de que a construção de competências e habilidades básicas, e não o acúmulo de esquemas resolutivos pré-estabelecidos, seja o objetivo do processo de aprendizagem.” Isso põe em cheque toda a estrutura de ensino que vem sendo desenvolvida até o momento.

Os conceitos fundamentais de Física (como, por exemplo, ponto material, movimento e repouso) e conhecimentos auxiliares (unidades de medida, notação científica) transformaram-se em meros parágrafos copiados no caderno e que devem ser decorados para a avaliação.

Embora grande parte da Física dependa de uma compreensão profunda de tais conceitos, devidos a inúmeros fatores os mesmos não recebem a devida atenção. Um dos conhecimentos mais simples que o aluno deve deter, porém de suma importância em sua vida é a respeito de unidades de medida (seus múltiplos e submúltiplos, transformações, etc.). A grande dificuldade apresentada neste ponto são os cálculos de conversão entre eles que acabam sempre limitando o assunto a matemática pura e não aplicada. Para Ricardo e Freire uma das causas pode ser a forma como os livros didáticos costumam apresentar a Física, excessivamente presa à aplicação de fórmulas.

A Física acabou ficando descontextualizada e desconectada de sua origem, sendo preciso que o professor enfatize mais a reflexão a respeito do fenômeno, da definição, do significado físico em detrimento do cálculo puro feito mecanicamente.

 

Referências:

Ricardo, Elio C. e Freire, Janaina C.A. A concepção dos alunos sobre a Física do Ensino Médio: um estudo exploratório.

Disponível em < http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/060908.pdf> Acesso em 29/03/2013.

Física.

Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica> Acesso em 29/03/2013.

Leis de Diretrizes e Bases da educação Brasileira (LDB), Brasília, 1996.

Física passo a passo

Disponível em <http://fisicapassoapassojp.blogspot.com.br/2012/06/conceitos-basicos.html> Acesso em 29/03/2013.

 

Tags: ,

4 Comments to “A Física e a Física da Escola”

  1. Roberta Tatiane disse:

    Concordo com suas palavras Cristina, também acredito que os conteúdos de física discutidos em sala de aula, realmente são meras repetições e aplicações de fórmulas, porém o que não ficou muito claro na sua reflexão, foi a respeito de que parte da física os alunos da turma que está estagiando estão vendo?
    E como esse conteúdo está sendo compreendido pelos alunos?

    • Cristina Evaristo Silva disse:

      olá roberta! os alunos estão estudando a parte inicial da mecânica: unidades de medida, múltiplos das mesmas e notação científica. A respeito de sua segunda pergunta, a resposta é muito complexa. As notas, segundo a prof. S estão bem baixas, porém, sabemos que intervalos de notas de 0-10 não refletem o que o aluno realmente sabe…, Durante as aulas eu percebi que houve dificuldade na resolução dos exercícios ou na operação da calculadora, embora a aprendizagem vá muito além disso. abraços!

  2. sergior disse:

    Cristina, concordo com suas observações, acrescento que onde estou estagiando o professor utiliza um livro texto feito por três autores, sendo dois engenheiros eletricistas que atuam no ensino particular com a disciplina de física e o terceiro licenciado em física, um livro aprovado pelo MEC, não vou ponderar sobre o mérito e a qualidade da publicação, mas isso reflete o quadro dos profissionais que ocupam as vagas de professores de física e se dedicam a ensiná-la. Não tenho dúvida que existem grandes profissionais de outras áreas que contribuem muito para o ensino de física, mas penso que outro reflexo dessa carência é a parcela razoável de profissionais que atuam dessa forma, deslocados de sua área de origem e por sua vez interpretam o livro com as características que você criticou em vez de interpretar a natureza, pois a física é o estudo dos fenômenos naturais como você bem colocou. Não que devéssemos retornar ao ensino peripatético, mas a física, o ensino de física necessita da interpretação do mundo que nos cerca em detrimento da interpretação do livro texto.
    Você conhece bibliografias menos dedicadas a aplicações de fórmulas e mais ricas em interpretações?
    Acredita que os alunos compreenderiam melhor se o livro texto fosse alterado para bibliografias deste tipo?
    Na sua opinião, qual aspecto você acha que pesa mais na aprendizagem dos alunos a bibliografia ou a interpretação do professor desse conteúdo?

    • Cristina Evaristo Silva disse:

      olá sergio! quanto a seu questionamento sobre bibliografias, penso que cada instituição deveria ser livre para aplicar livros didáticos ou apostilas próprias. No meu ponto de vista, o livro que é usado aqui, não tem igual aplicação em Fortaleza(CE), por exemplo (embora isso normatize o ensino).
      Pessoalmente, sou obrigada a confessar, não tenho muita afinidade com livros que valorizam muito a interpretação, penso que é importantíssimo, mas o cálculo também o é! gostei muito da sua última pergunta, ela valoriza minha experiência como docente e gera uma certa polêmica. Na minha opinião, o aluno deve ser ativo no processo e depositar o mérito da aprendizagem na bibliografia ou na interpretação do professor é retirar a responsabilidade do estudante sobre algo que só depende dele!
      legal sergio! abraços!

Leave a Comment

You must be logged in to post a comment.