Diário de Campo

mar 29th, 2013 | By | Category: Diário de Campo

Desde o inicio das atividades de observação, o que tem me chamado mais atenção, não foram as aulas em si, ou a metodologia utilizada pela professora, ou como a prova foi elaborada, mas sim, a falta de recursos didáticos para o ensino, a baixa carga horária para uma disciplina tão rica e completa, a falta de professores qualificados, a  falta de materiais, enfim, a “falta de tudo”. E ainda pior, a consequência que isso gera na classe: alunos desestimulados, desinteressados, preocupados mais em ser aprovados que no estudo pelo conhecimento.

A professora que acompanho (chamarei de prof S) é formada em matemática, porém isso não faz dela menos capaz de lecionar a matéria de Física. Ela trabalha de forma bastante completa a construção do conhecimento em conjunto com a classe. A prof S, como a maioria dos professores da rede pública, opera verdadeiros milagres com os recursos que dispõe.

Penso que cabe aqui uma crítica aos governos em geral, que não valorizam nem a escola pública e tão pouco o professor. em especial o Governo Federal, adotando a política de cotas, acaba criando um paliativo para seu próprio fracasso.

A educação, superior ou de nível médio, só terá sucesso quando o ensino básico for devidamente valorizado.

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One Comment to “Diário de Campo”

  1. sergior disse:

    Cristina, concordo e me solidarizo com as sua indignação frente ao status do ensino básico e gostaria de destacar um ponto do seu texto, “alunos desestimulados, desinteressados, preocupados mais em ser aprovados que no estudo pelo conhecimento.” e me inclino a pensar em que momento, que fator direcionou essas crianças para o estado que você descreveu?
    Então me recordo da palestra de um Reitor, doutor em ensino, sobre esse mesmo status, descrito praticamente do modo como você o fez, em textos de 50, 100, 200 anos atrás, referindo-se a alunos daquela época. Portanto o problema do desinteresse na aprendizagem é muito anterior e parece não ser bem um “problema” mas uma condição e refletindo sobre isso mais questionamentos me surgem, sobre o quanto é o papel do educador e o quanto é o papel do educando (quanto de quantitativo mesmo), mas critico o termo “educando” porque ele coloca o aluno sobre a édice do educador, não encontro um termo melhor mas “aprendiz” seria para mim mais correto, pois pesa mais sobre a aprendizagem por parte do aluno que na capacidade de educar por parte do professor. E é sobre a “aprendizagem” essa caixa preta da qual muitas vezes só enxergamos a apatia que foco meu interesse e concluo que não poucas situações em sala de aula noto que “os alunos aprendem, apesar do ensino” e me falta conhecimento para entender o processo nestes momentos e note eu realmente quis escrever que eles aprendem apesar do ensino, e não com o ensino. Parabéns por suas observações.

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