O estudo do movimento dos corpos
mar 31st, 2013 | By Luiza Cecilia Kretzer dos Passos | Category: ReflexõesSabemos que o conhecimento das leis e fenômenos físicos constitui um complemento indispensável a nossa formação, não só em virtude do grande desenvolvimento científico e tecnológico, como também porque o mundo da física nos rodeia por completo. De fato, ela está totalmente envolvida em nosso cotidiano: em nossa casa, na cidade, no campo, nos meios de transporte, no cinema, etc.
Trazer o cotidiano consiste em aplicar a ciência Física na compreensão de fenômenos e problemas do dia-a-dia, assim como compreendê-los para transformar e controlar esses fenômenos.
Pensar no movimento como um fenômeno presente em nosso cotidiano pode descrever a cinemática como sendo o estudo do movimento dos corpos sem se preocupar com as causas. Portanto pergunta-se: Quem é mais rápido a formiga ou a Lua?
Partindo desse questionamento, precisamos entender quais são as grandezas relevantes para a descrição de movimento.
Contudo, a contextualização através de situações com as quais os alunos se identificam, permitem-no usar de experiências concretas para ser capaz de transferi-las em aprendizado cientifico.
No dia 27 de Fevereiro de 2013 fui à escola conversar com o professor e assistir as aulas da 1ª série B do turno noturno. Bateu o sinal e nos dirigimos à sala. O professor cumprimentou os alunos e apresentou-me a eles dizendo que passaríamos o bimestre juntos, pois estava ai para observar suas aulas e trocarmos ideias referentes às aulas e que gostaria que os alunos participassem da mesma forma como sempre vinham participando. O professor começou com questionamento do tipo já ouviram falar em medida de comprimento? Como poderiam definir medida? Qual a distância de suas casas até a escola? O que sabem sobre movimento? Como podemos definir se um corpo está se movimentos? Saíram respostas das mais diversas possíveis. O professor procura sempre incentivar que todos participem da conversa, questionando-os. Busca sempre a participação dos que estão dispersos, interage com todos da melhor forma possível. Observa-se que alguns alunos não gostam da conversa e continuam ignorando o professor, mas ele continua a conversa e dá diversos exemplos com a contribuição dos alunos interessados. O professor fez a explanação da aula sem usar o livro didático. Descreveu a definição de unidades de medida e de movimento. Após o término da aula nos dirigimos as sala dos professores onde ficamos conversando sobre a exposição da aula e como fazer para não torná-la cansativa ao aluno e obter melhor participação dos mesmos. |
No dia 6 de março retornei a escola para assistir a próxima aula. Neste dia o professor começou a aula fazendo uma revisão da aula anterior na qual tinha definido o conceito de velocidade, espaço, posição e intervalo de tempo. Os alunos fizeram seus questionamentos e o professor fez a sua contribuição através da utilização de exemplos ligados ao dia-a-dia do aluno. Fazendo compreender o que seria espaço percorrido e posição. Em seguida passou alguns exercícios para que os alunos resolvessem e em seguida fizessem a correção dos mesmos com a participação e colaboração de todos. Observei que nem todos os alunos se interessam na resolução dos exercícios, mas o professor acaba fazendo com que todos participem da resolução e da correção dos mesmos. Pede aos alunos que não decorre a resolução, mas que entendam como cada um deles deve ser resolvido. |
Pode-se dizer que a Ciência é uma construção humana e que qualquer passo adiante só pode ser dado por quem já percorreu ou conhece os caminhos anteriores. Todos os grandes cientistas, em qualquer época, só foram capazes de contribuir de forma relevante porque conheciam a fundo a ciência com que trabalhavam e a ela se dedicaram com grande intensidade.
O estudo da Cinemática tem como objetivo básico a descrição matemática dos movimentos, deixando de lado as características básicas da Física, que é a formulação de leis e princípios para explicar o comportamento da natureza. Dessa forma, pode-se dizer que grande parte dos conteúdos estudados na cinemática trata-se apenas de conceitos matemáticos relacionados ao estudo de funções. Mas todos esses conteúdos estudados na cinemática podem ser entendidos como um estudo interdisciplinar da física com a matemática.
Portanto, sempre que possível, seria interessante que a abordagem desse conteúdo fosse feita durante o estudo de funções em matemática.
O professor de Física deve evitar um alongamento excessivo e repetitivo de problemas que na maior parte do tempo só muda os personagens. As idéias mais importantes são retomadas varias vezes no decorrer desses assuntos estudados em cinemática. Por isso não precisam ser muito trabalhados nesse momento.
Na observação realizada no dia 3 de abril a aula girou em torno de discussões relacionadas a movimentos retilíneos na qual o professor lançou questões do tipo: Como é o trajeto da casa de vocês até a escola? Como vocês fazem para chegar até a escola? O que é trajetória? O que é espaço percorrido? Qual a diferença entre espaço percorrido e trajetória? Os alunos deram respostas diversas como, por exemplo: É a distancia da minha casa a escola. É o trajeto que faço do pátio até a sala de aula. É o caminho que percorro até a escola. Após a resposta dos alunos o professor foi até a lousa e colocou as definições colocadas pelos alunos e as definições do livro didático. Os alunos deram vários exemplos relacionados à trajetória, deslocamento e posição. Conceitos do livro didático- Trajetória- movimento de um corpo em relação a certo referencial; – Espaço – é uma grandeza que determina a posição da partícula na trajetória; Deslocamento é a variação de posição da partícula num determinado intervalo de tempo. Os alunos participam ativamente das discussões provocadas pelo professor e este procura fazer com que todos participem da sua aula fazendo perguntas e questionando todos em todos os momentos.
A escola tem um acervo de vídeos-aula que são usadas pelos professores para complementarem as aulas, pois encontram conteúdos relacionados com aquilo que está sendo abordado.
Olá Luiza com relação à tua reflexão gostei do questionamento como problematização “quem é mais rápido a formiga ou a lua?” e que de repente com este tipo de abordagem (1º momento) pode-se desencadear um real entendimento dos conceitos relacionados ao estudo do movimento dos corpos. Veja que, assim como você destaca, “quais são as grandezas relevantes” podendo então de início contextualizar unidades e grandezas (SI) e também notação científica. Após o que é movimento (deslocamento, trajetória), repouso, ponto material, espaço (variação) que resulta na velocidade, MU, MRU (formiga se deslocando sobre um canudo), MUV (movimento caótico da formiga) e movimento circular (um satélite (a Lua)) fazendo seu movimento natural. Logo os alunos tenderam a responder a pergunta. Outro ponto e que acabei por ver o post de outros colegas é a motivação. Hoje sabemos que o professor enfrenta dificuldades de motivação e principalmente os alunos. Estudar torna-se obrigação e não aceitação, recebimento e participação. E devemos lembrar aos alunos, ou tentar pelo menos, de que apesar das dificuldades podemos participar, pois quando interagimos deixamos de lado o ócio e nos tornamos produtivos, dissipativos e curiosos conhecendo o mundo que nos cerca.
Bastante pertinente suas colocações em relação a minha postagem. Pois o que observamos nesses estágios é que os assuntos precisam ser abordados de forma que o aluno os relacione com seu cotidiano.
olá Luiza, muito interessante esta analogia para a explicação de velocidades, e referenciais,
no dia-a-dia de professor de física sem analogias e aplicações não se consegue fazer os alunos interpretarem o conhecimento físico em questão…
E com relação a resolução de exercícios, quanto mais haver a participação dos alunos e claro que resolvam também sozinhos ajuda muito no aprendizado de qualquer conteúdo… mas o que o professor pede para os alunos fazerem é tudo que se pode fazer ou existem outras formas de fazê-los participar?