DIÁRIO DE CAMPO (FEV-MAR)

mar 31st, 2013 | By | Category: Diário de Campo

Abaixo segue o diário com as observações do meu estágio, correspondente ao meses de Fevereiro e Março.

E.E.B. HUMBERTO HERMES HOFFMANN – Caravagio, Nova Veneza – SC

Turma 2002 – 2° ano do ensino médio

A escola onde comecei o estágio, na terça-feira passada (26/02); é a mesma em que o Samarone também faz o estágio. Então, vou tentar passar aqui o que mais me chamou a atenção.

Primeiramente, a sala de aula. Enquanto nas escolas, o professor é quem troca de turma; nessa escola são os alunos que migram para a “sala de Física”. Pelo que pude observar, essa mudança funciona. Outra coisa diferente, que de certa forma me fez voltar à disciplina de Organização Escolar; onde foram abordados a estrutura física da escola; e onde foi citado o uso do sinal (aquele normal das escola) para o término das aulas tem uma característica militar; aqui esse sinal não existe. Ao invés do sinal tradicional, é tocado uma música (bem adolescente) para indicar o término das aulas; e observei que isso deixa eles até menos agitados. Enquanto os alunos que ouvem o sinal tradicional sempre saem agitados, percebi que essa tal “musiquinha”  faz com que eles saiam mais tranquilos da aula (eles meio que saem cantarolando).

Quanto a aula assistida, o assunto era densidade; com o professor explicando o conceito e exemplificando . Após a explicação, foram passados exercícios e corrigidos. Notei que os alunos tem dificuldade com a matemática básica e, “visualizar” por exemplo volume; o que é um grama ocupando um cm3.

Mas, ao final da aula; p professor os direcionou para a sala de vídeo; onde com um aplicativo em que ia inserindo materiais diversos em uma piscina, e alguns boiavam e outros afundavam; e o volume da piscina ia subindo quando o objeto era imerso (sem contar a balança); observei que os alunos ficaram bem interessados, participavam e explicavam uns aos outros o que estavam acontecendo; e de certa forma; pareciam ter se posicionado melhor na matéria.

 

05/03/2013

Nessa aula (duas aulas na verdade), os alunos exercitaram o que aprenderam na aula anterior sobre densidade. Foi escolhido exercícios que além de fórmulas matemáticas, remetiam a conceitos tais como “o que acontece com o o volume da água quando ela congela?”. Aumenta o volume ou diminui? Se aumenta, o que acontece com a densidade?  Nessa parte, ainda observei muita dificuldade em associar o conceito; embora o vídeo da aula anterior ajudou.  O professor sempre preocupou-se em fazer o aluno interpretar o problema e não simplesmente, jogar as fórmulas. Desenhos (feitos pelo professor o quadro branco mesmo) sempre foram utilizados para que eles entendessem a distribuição da massa em um determinado volume.
Em um exercício que descrevia” o volume de um certo líquido subir ao colocarmos uma esfera dentro do líquido”; praticamente todos os alunos lembraram do vídeo da densidade, e associaram a diferença no volume ao volume do corpo.
Observo sempre, a dificuldade com a matemática. Problemas em trabalhar com potência de base dez e identificar as várias maneiras de representar um número. Outro problema é a conversão de unidades, a noção das ordens de grandeza. Observo isso em alunos que questionam o professor e, também naqueles que murmuram que não estão entendendo ma\s, não recorrem ao professor.
12/03/2013

Na aula do dia 12, o conteúdo apresentado aos estudantes foi o princípio de Stevin. O que eu observei nessa aula talvez responda ao questionamento “como observo que o professor não joga as fórmulas no quadro, apenas?”. Bem ao iniciar o conteúdo, o professor utilizou dos conteúdos anteriores e suas respectivas equações para demonstrar de onde veio a equação do teorema de Stevin. Ao fazer isso, o que observei na reação dos alunos foi mais confusão. Na verdade, eles falavam para o professor : ” Professor não passa isso. Mostra só a fórmula, porque isso (demonstrar como surge a equação) só confunde ainda mais a nossa cabeça.”
Logo após a explicação o professor passa os exercícios e sempre sugere que os alunos sentem em duplas para que eles troquem suas informações e, até mesmo; para que o próprio professor consiga atender a todos. Observo que depois dos exercícios ,na verdade; depois que o professor atende-os individualmente , eles demonstram mais segurança com a matéria. Este último fato é observado na correção, quando os alunos se intimidam menos e participam da correção.
Ainda continuo observando problemas com as unidades (transformações) e, observando o fato de os alunos parecerem “rejeitar” uma explicação em que mostra de onde vem as coisas (como a equação do princípio de Stevin); só me me remete no momento a forma como geralmente os conteúdos nos vem sendo passados. Talvez essa dificuldade com as unidades, e entender de onde vem as coisas é algo acumulado nas gerações da escola. Como já havia comentado uma vez com o professor de organização escolar; acredito que há a  possibilidade de uma mudança no processo de ensino-aprendizagem, algo que os torne mais indagadores e construtores do seu conhecimento. Porém, eu vejo que ainda estamos procurando e estudando essas técnicas e que há ainda uma estrada a ser percorrida. Por mais que o professor inove em sua maneira de dar aula, há também o fato daqueles que resistem a essa nova maneira.
19/03/2013

Como minhas aulas são “faixa”, na primeira aula o professor passou exercícios para revisão do conteúdo da prova que seria ministrada na segunda aula. Antes mesmo de aplicar os exercícios e as provas, o professor havia me passado a prova para eu poder ver. A prova, e também a lista de exercícios; continham questões que trabalhavam desde conceitos, cálculos mais operacionais e cálculos que exigiam conhecimento da teoria.
Em um primeiro instante, eu havia achado a prova meio pesada; mas enquanto eles (alunos e professor) faziam exercícios de revisão notava-se que os alunos vieram “estudados”; comentavam conceitos e procuravam tirar suas últimas dúvidas.
Vou pedir acesso às provas pois gostaria de ver como eles se sairam. Não que acredite que nota signifique aprendizado mas, seria bom observar questões que foram mais difíceis aos olhos deles.Pretendo fazer um post sobre essa observação.
26/03/2013

Nesse dia, cheguei um pouco mais cedo para fazer observações na estrutura da escola. A recepção é semelhante a todas as escolas estaduais que eu já tive acesso. Recepção à direita e a sala dos ATP’s (Assistentes Técnico Pedagógico) à esquerda. Ao lado da recepção, um pequeno corredor que leva a sala dos professores, que eu já havia conhecido desde meu primeiro contato com a escola. Esta última bem organizada, com mesa para café, armários para os professores e sofá. O pátio é grande e, é onde acontece as chamadas para recados, apresentações. Também no pátio fica a cozinha onde é servida a merenda. Tem algumas mesas nesse pátio para o lanche e, onde já vi alguns alunos fazendo atividades de artes. A parte que corresponde as salas é dividida em blocos e, mais aos fundos do colégio fica a quadra de esportes. A sala de vídeo fica próxima a sala dos professores.
Eu já conhecia um pouco da estrutura do colégio devido a um curso que participei há alguns anos atrás. Isso me permitiu verificar que foram feitas algumas mudanças, mais em relação a parte de recepção do colégio. Na verdade, até em observação a outros colégios estaduais,” a parte da frente”, ou seja; a recepção ficou quase que padronizada.
O que eu estava mais estava interessada em conhecer acabei por não ir, que era a biblioteca. Tem muitas coisas que procuro ver lá. Como o ambiente em si, se é próprio para aprendizagem, calmo e climatizado? Os materiais disponíveis. São bons? Há variedade? A apresentação desses materiais chama a atenção?
Quando me pus no pátio do colégio, mais uma vez não me desliguei da disciplina de Organização Escolar e pensei no ambiente militar, um pátio centralizador e a organização das salas em blocos ; algo bem propício para a observação da direção. A estrutura está lá, neste padrão mas; como eu havia comentado no início, agora há uma recepção que fica mais a frente do colégio; não diretamente ligado as salas, como eu me lembro que era antigamente. Talvez já esteja acontecendo uma mudança nessa maneira de organizar a escola, algo mais livre e mais para o aluno.
Como eu havia comentado no primeiro post, nessa escola são os alunos que migram para a sala de Física. Achei aí, e comentei com o professor; em aproveitar essa organização diferente e deixar a sala até mais com cara de “sala de Física”. Já vi uma grande vantagem nesse meio, em relação ao tempo; pois o professor não precisa sair de uma outra sala, “dar aquela situada”, pensar na aula e nos materiais daquela aula. E tendo uma sala só sua, acredito ser melhor para trabalhar com experimentos e modelizações e por quê não, o trabalho dos alunos e suas modelizações não fazerem parte da sala em si. É uma idéia.
Bem, nas aulas do dia 26; houve a revisão do conteúdo da prova; aliás a revisão da prova. Muitos acompanhavam (geralmente o pessoal da frente), mas a sala estava bem inquieta nesse dia. O professor corrigia as questões e ia questionando-os como resolveram aquela questão à que conceitos recorreram. Os alunos que sentavam mais a frente ainda respondiam a questões que faziam com que lembrassem de conceitos de pressão, densidade mas, os que estavam mais atrás (e dispersos) pareciam não se importar; ficavam mais “brincando”. Me pareceu aquela situação que ao meu ver é bastante comum, “este conteúdo já passou, já fiz a prova, já esqueci”. A questão é como mostrar que conhecimento é algo acumulado, que precisamos do que foi aprendido anteriormente e, ainda no caso da Física; tem grande presença no cotidiano.
Quase ao final da aula, uma aluna me fez um questionamento e de certa forma fez com que eu derrubasse algo que eu tinha como concreto na minha cabeça. Sempre pensei que os alunos que não se interessavam pela física, na verdade; tinham problema com a matemática. Essa aluna me fez o seguinte questionamento:
- Camila, você gosta disto( referindo-se a Física e, apontando para o quadro)?
Respondi que sim e ela, continuou:
- Como você consegue gostar dessa coisa chata, por quê?
Respondi o que talvez a maioria dos meus colegas físicos e “quase-físicos” responderia; que  gosto de ciência, de saber o por quê as coisas acontecem/funcionam.
Ela não pareceu se conformar e perguntei:
- Mas, você não gosta da física ou tem problemas com a matemática?
Ela me respondeu:
- Gosto de matemática, vou bem. Não gosto é de saber essas coisas aí (apontando para o quadro), não gosto de saber o por quê dessas coisas.
Perguntei se uma aula mais prática a interessaria mais. Ela  não soube responder mas, pouco segundos depois; o professor que havia começado a falar sobre vasos comunicantes,mostrou o comportamento do líquido em uma miniatura deste e; o que ouvi desta mesma aluna que estava a segundos atrás me dizendo que Física era chata foi “Que legal!”.
É muito complicado pensar em aula divertida, interativa, que agrade a todos. Trabalha-se com jovens, são quase quarenta aluno em uma sala e cada um com sua singularidade. E como pensar nos motivos que muitas vezes fazem com que não despertem  para a aprendizagem do ensino, metodologia, a aptidão de cada um, seria a matemática ou, realmente a dificuldade em entender os conceitos? Seria falta de interesse deles, a falta de uma disciplina mais experimental? Isso resolveria? Sinceramente, saio com mais dúvidas a cada observação do que soluções prontas.
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