Quando a matematica prejudica?

abr 1st, 2013 | By | Category: Reflexões

Na turma de segundo ano do ensino médio que observo, os alunos assimilaram aparentemente bem o conceito de pressão. O professor levantou questões como:

- O que exerce mais pressão sobre uma superfície, um tijolo em pé ou deitado?

- Porque a faca afiada corta melhor?

- Porque a alça fina de uma bolsa marca mais que a alça larga?

- Porque é difícil permanecer muito tempo nas pontas dos pés?

Questoes como essas ajudaram a compreender melhor o conceito e a equação matemática envolvida. No calculo da área ouve dificuldades mas não de assimilação do que é uma área mas de como se calcula a área de certa figura.

- Como se calcula a área do retângulo professor? ( pergunta de um aluno sobre um exercício ).

Na aula seguinte o professor já começou a aula com o conceito de densidade. A cara da equação era a mesma de pressão mas as variáveis eram outras, o conceito era outro. A confusão entre massa e peso, a dificuldade de se entender o que se quer dizer com densidade, acho que foi normal. A turma ficou mais quieta nessa aula.

- E se colocar uma balança na lua eu vou pesar menos? ( Pergunta de um aluno).

A dificuldade com a teoria se estendeu para a matemática, para a aplicação da equação. O que me chamou a atenção foi a dificuldade que alguns alunos tiveram em trabalhar com volume.

- Como assim volume professor? ( Pergunta de um aluno ao professor)

As vezes o que eu percebia era que eles não conseguiam visualizar um volume ou o que era o volume.

- Volume. Não estamos mais trabalhando com área agora é volume. Área era em m2 e volume é em m3 porque, veja um cubo, ele tem largura, altura e comprimento e que você quer agora é o espaço que há dentro desse cubo, ou seja, o volume. ( Professor respondendo ao aluno).

Achei essa deficiência matemática séria para eles. As vezes ficamos chateados porque eles não sabem fazer uma divisão por dois números ou não sabem multiplicações simples de pronto, mas eles sabem o que é uma multiplicação e uma divisão o que lhes falta na verdade é treino e isso atrapalha mas não prejudica uma aula de física. Ao meu ver, o que prejudica uma aula de física é a falta de alguns conceitos matemáticos que são fundamentais para a compreensão de certos conceitos físicos como esse que não consegue se desconectar da matemática.

As dificuldades com esse conceito físico se estenderam aos exercícios onde o professor atendendo os alunos individualmente foi auxiliando na assimilação. No final da aula o professor mostrou uma animação aos alunos onde blocos de diferentes materiais e tamanhos eram soltos em uma piscina e observado o que acontecia. Os alunos conseguiram assim, relacionar de forma visual volume, massa e densidade. Percebeu-se então, que a animação contribuiu muito para o entendimento do conceito de densidade. Poderiamos aplicadar a animação no inicio e partisse dela para o conceito usando a própria animação como uma ferramenta de problematização.

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5 Comments to “Quando a matematica prejudica?”

  1. Guilherme Blumenau disse:

    Eis o problema da matemática! A bem da verdade é seu problema e ao mesmo tempo seu grande trunfo. A matemática é uma ferramenta, a melhor ferramenta (talvez a única) que pudemos criar para extrair significado das relações entre a coisas do mundo. É possível utilizá-la para criar modelos que representam aquilo que vemos e até o que não vemos mas que de alguma forma sentimos ou somos levados crer, direta ou indiretamente. Com a matemática, fenômenos intangíveis à pura razão passam a ser moldados até adquirirem um formato que nos é familiar, donde se conclui que deva provir de uma fonte comum, provida de organização, de simetria, de beleza.
    Mas, por ser uma linguagem, a matemática deve ser aprendida. Sua dinâmica deve ser exercitada e sua semântica entendida, assim como se faz em uma aula de idiomas.
    Assim, entender a Física sem entender a matemática seria como querer aprender sobre a cultura de um estraterreste sem entender o que eles dizem uns aos outros, seja qual for a forma de comunicação que eles usem.
    Poderíamos entender superficialmente se notarmos seus gestos, atitudes, se observarmos como se comportam em grupos ou até mesmo visitando-os em seu planeta. Mas caso tenham uma linguagem – uma condição para que os consideremos inteligentes – compreendê-la é o caminho mais curto e o mais promissor para conhecê-los de verdade. Prova disto é que civilizações antigas (de seres humanos) muitas vezes são altamente incompreendidas por não terem deixado registros na forma escrita ou quando estes não podem ser decifrados.
    A natureza fala-nos por meio da matemática. Somos alçados a horizontes distantes quando ela se torna familiar. E pensar que a matemática é um mérito nosso, um trunfo – por enquanto – da nossa espécie.
    Então, para ver beleza na Física não é necessário a matemática. Assim como não é necessário entender de hieróglifos para ver beleza nas pirâmides egípcias ou na Grande Esfinge. Mas para decifrá-los, muito melhor que saibamos ler seus dizeres. Porque assim não corremos o risco de sermos devorados. E, seguindo esta metáfora, nós professores somos para os alunos a Pedra de Roseta.

  2. Guilherme Blumenau disse:

    O correto é extraterreste. Se tivesse escrito no Word tinha tomado um puxão de orelha. heheh

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