A primeira experiência de um futuro professor
abr 4th, 2013 | By Guilherme Blumenau | Category: Diário de CampoCheguei na escola na hora do recreio. O dia estava chuvoso e os alunos abrigados na área da cantina. O professor me recebeu e rumamos para a sala de aula. Era uma turma de primeiro ano (turma 3). Fui apresentado como professor de física e ele pediu respeito por mim, chegando a gritar para que alguns alunos ocupassem seus lugares.
O layout das carteiras estava em U com basicamente 2 linhas. Senti que a disposiçao das mesas podia ser sensivelmente arrumada. Sou meio perfeccionista, então talvez seja um problema mais meu que da escola. de qualquer forma volta e meia um aluno pedia para ir ao banheiro e tinha que arrastar a mesa para sair ou entrar, então neste ponto achei ruim.
Aquela era a segunda aula de Física do ano para aquela turma. Na verdade eles tem apenas 2 aulas de Física por semana. Na primeira aula o professor me comentou que trabalhou a relação da Física com as outras ciências. Observei que o livro usado era “Física – Ciência e Tecnologia” de Paulo Cesar Penteado e Carlos Magno Torres, aprovado pelo PNLEM. Notei também que os alunos não possuiam o livro e o professor me disse que provavelmente iriam receber mais tarde já que ainda haviam poucos disponíveis.
Desta forma a metodologia foi escrever no quadro enquanto a maioria dos alunos copiava e alguns conversavam e, na sequência, o professor pedia silêncio para dar uma explicação sobre o que acabara de escrever.
A certa altura, devido a bagunça, o professor ameaçou “dar uma prova surpresa qualquer dia desses” e, mais tarde, de “chamar a direção para fazer um espelho de classe” a fim de separar as patotas.
O professor iniciou explicando o conceito de densidade e ao escrever no quadro a formula d=m/v um aluno perguntou se naquela aula ia ter que fazer contas. O professor não escutou a pergunta. Na sequência copiou no quadro e explicou os conceitos de maleabilidade, condutibilidade, elasticidade e ductibilidade dos metais, utilizando exemplos do livro para ilustrar.
Em um certo momento, escreveu equivocadamente a palavra “comprenção” no sentido de que algo podia ser comprimido. Alguns alunos questionaram dizendo que parecia “compreensão” mas o professor sem se tocar do erro manteve a escrita errada embora pronunciasse certo. Como a aluna ao meu lado ainda estava na dúvida eu disse-lhe que devia estar errado mas que chegasse em casa e procurasse em um dicionário pois não tinha certeza. Nesta hora me senti sem jeito para falar a verdade pois anteriormente eu já havia feito um comentário a esta aluna sobre o resultado de uma conta no quadro e a aluna disse em voz alta: “fala alto, professor!”, o que me levou a apontar o erro ao professor que o corrigiu. Esta foi uma saia justa porque não gosto de corrigir ninguém que esteja naquela posição, principalmente assim, de cara, na primeira aula. Além disso, errar é humano e certamente eu como professor errarei incontáveis vezes ao longo da carreira. Também me senti mal porque anteriormente o professor havia me perguntado se eu fazia Física e com a minha afirmativa disse: “Tu poderias estar aqui no meu lugar” ao que eu respondi que não era minha intenção tomar o lugar de ninguém. Mas fora estas duas situações um pouco embaraçosas ocorreu tudo muito bem e gostei muito da experiência.